Comunicação ineficaz e a cultura do silêncio nas equipes de saúde: impactos e soluções

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Ana Claudia Camargo | CEO da Faculdade ITH
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04 ago, 25 | Leitura: 12min
Atualizado em: 04/08/2025
Profissional de saúde com expressão de exaustão em ambiente hospitalar, usando máscara e touca cirúrgica.

Um problema silencioso que compromete vidas

Antes de tudo, é preciso reconhecer: falhas na comunicação continuam sendo uma das principais causas de eventos adversos entre as equipes de saúde.

De acordo com dados recentes, mais de 70% dos erros assistenciais estão diretamente ligados à comunicação ineficaz entre profissionais, pacientes e registros clínicos.

Conforme destaca o IBSP, esses ruídos afetam desde a admissão até a alta hospitalar, colocando em risco a qualidade do cuidado e a segurança do paciente.

Entenda a cultura do silêncio nas equipes de saúde

O que é o silêncio organizacional e por que ele é tão perigoso?

Por outro lado, tão prejudicial quanto a comunicação truncada é o fenômeno conhecido como cultura do silêncio nas instituições de saúde.

Nesse contexto, profissionais das equipes de saúde evitam relatar falhas, sugerir melhorias ou expressar dúvidas por medo de retaliações, julgamento ou descrédito por parte da liderança ou colegas.

Além disso, o silêncio passa a ser institucionalizado — tornando-se parte da rotina e da cultura local. Com isso, mantém-se um ciclo vicioso de erros repetidos, desmotivação e afastamento emocional dentro das equipes.

De acordo com Morrison e Milliken (2000), o silêncio organizacional sabota os próprios mecanismos de segurança assistencial, impedindo ajustes e aprendizados necessários para evitar eventos adversos.

Na prática, isso se traduz em ambientes onde a insegurança psicológica predomina, e a cultura de melhoria contínua perde espaço para o medo e a estagnação.

Profissionais da saúde sentados no chão de hospital, demonstrando sinais de estresse e exaustão mental.
Estresse, sobrecarga e silêncio: sem canais abertos de comunicação, equipes acumulam tensão emocional e aumentam o risco de falhas assistenciais.

Impactos da comunicação falha e do silêncio organizacional

Aumento dos erros e riscos assistenciais

Dessa maneira, instituições onde a comunicação entre as equipes de saúde é falha apresentam mais incidentes evitáveis, como erros de medicação, diagnósticos tardios e omissões críticas de informação.

Um estudo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal aponta que a ausência de protocolos comunicacionais claros está entre os fatores mais comuns em eventos sentinela.

Estresse, rotatividade e burnout entre equipes de saúde

Do mesmo modo, o silêncio entre colegas e a falta de feedback positivo agravam o estresse ocupacional.

Com o tempo, o ambiente se torna tóxico, favorecendo afastamentos, esgotamento e até a evasão de profissionais experientes.

A Academia do Psicólogo reforça que a ausência de comunicação empática está entre os principais fatores de insatisfação profissional na saúde.

Fragilidade do trabalho em equipe

Assim, quando não há confiança para levantar dúvidas ou compartilhar fragilidades, a integração entre setores se desfaz.

Como consequência, surgem duplicidades, retrabalho, omissões e um distanciamento progressivo entre os profissionais da assistência.

O que dizem os especialistas sobre comunicação entre as equipes de saúde?

Antes de mais nada, é essencial compreender que a comunicação eficaz é considerada um dos pilares fundamentais para a segurança do paciente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), falhas de comunicação estão entre as principais causas de eventos adversos evitáveis em ambientes hospitalares. 

A entidade recomenda a implantação de estratégias que promovam escuta ativa, clareza e padronização nos fluxos de informação.

Já o Institute for Healthcare Improvement (IHI) destaca que a cultura do silêncio entre equipes de saúde pode minar a segurança psicológica dos profissionais e inibir a prevenção de falhas, sendo necessário criar ambientes onde a comunicação seja incentivada, mesmo em situações de hierarquia rígida.

Estratégias para transformar a comunicação nas equipes de saúde

Treinamento contínuo em comunicação interprofissional

Antes de mais nada, é essencial investir em capacitações que desenvolvam escuta ativa, assertividade e linguagem empática entre diferentes categorias da saúde.

A comunicação precisa ser praticada, monitorada e retroalimentada com feedback.

Saiba mais no artigo da Revista Cogitare Enfermagem.

Protocolos padronizados de handover

Em seguida, implantar protocolos claros para passagem de plantão reduz ruídos e esquecimentos.

Modelos como SBAR e checklists estruturados são eficazes para garantir que todas as informações críticas sejam transmitidas com clareza entre as equipes de saúde.

Veja a implementação desse modelo na prática, conforme descrito neste guia da Wikipédia.

Cultura de segurança e reporte sem medo

Além disso, é fundamental criar um ambiente psicológico seguro, onde todos possam relatar falhas e propor soluções sem temor de punições.

Uma cultura justa favorece o aprendizado coletivo e o aprimoramento constante dos processos.

Leia mais sobre isso na Revista SOBECC.

Práticas de escuta ativa e reuniões integrativas

Do mesmo modo, ações simples como os huddles (encontros rápidos diários) ajudam a alinhar expectativas, reduzir conflitos e fortalecer vínculos.

Esses espaços devem ser liderados por gestores capacitados e abertos ao diálogo.

Consulte o material do Institute for Healthcare Improvement (IHI) para aplicar essa estratégia na sua instituição.

Boas práticas para fortalecer a comunicação e romper o silêncio

Adotar práticas consistentes é essencial para construir uma cultura de segurança e diálogo aberto nas instituições de saúde e entre as equipes de saúde. Veja algumas estratégias eficazes:

Criar canais seguros e anônimos de escuta e denúncia para as equipes de saúde

Antes de tudo, é fundamental oferecer espaços protegidos para que colaboradores relatem problemas, sugestões e preocupações sem medo de retaliação. Canais como ouvidorias, formulários digitais anônimos ou QR codes em áreas estratégicas contribuem para a transparência institucional.

Estimular a cultura do feedback horizontal

Além disso, incentivar trocas sinceras entre colegas — independentemente da hierarquia — fortalece a confiança e melhora o desempenho coletivo. Feedbacks frequentes ajudam a prevenir falhas e alinhar expectativas.

Realizar auditorias periódicas nos fluxos de comunicação

Em seguida, é importante revisar constantemente os protocolos de passagem de plantão, registros em prontuário e reuniões técnicas. Auditorias ajudam a identificar falhas silenciosas e oportunidades de melhoria.

Promover simulações clínicas com foco no diálogo

Do mesmo modo, treinamentos práticos com cenários realísticos aumentam a capacidade de resposta da equipe em situações críticas. Simulações colaborativas desenvolvem habilidades como escuta ativa, empatia e assertividade.

Monitorar indicadores de cultura e segurança organizacional

Por fim, acompanhar métricas como clima organizacional, rotatividade, incidentes reportados e adesão aos protocolos permite avaliar o impacto das ações implementadas e ajustar estratégias com base em dados concretos.

Médicos conversam sobre paciente em corredor hospitalar, analisando prontuário.
Diálogo estruturado salva vidas. A comunicação interprofissional deve ser estimulada para garantir segurança, continuidade e qualidade no cuidado.

Ferramentas e tecnologias que ajudam na comunicação clínica e nas equipes de saúde

Atualmente, as inovações tecnológicas são grandes aliadas da comunicação em ambientes de saúde. Em primeiro lugar, ferramentas como prontuários eletrônicos com integração multidisciplinar facilitam o registro e o compartilhamento de dados em tempo real entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e farmacêuticos.

Do mesmo modo, plataformas como SBAR digital, huddles virtuais e sistemas de alertas automatizados (ex.: deterioração clínica, medicações de risco ou falhas de prescrição) reduzem o ruído na passagem de plantão e tornam a comunicação mais objetiva. 

Além disso, aplicativos corporativos com chats seguros e protocolos visuais já são adotados por hospitais acreditados pela ONA, JCI e ISO como padrão de excelência em comunicação clínica.

Na Faculdade ITH, o uso de tecnologias realísticas e simulações práticas permite que os alunos experimentem esses recursos desde a formação, preparando-se para contextos hospitalares reais. Conheça mais sobre nossos cursos com foco em tecnologia e gestão da saúde.

Por que romper o silêncio é uma urgência nas instituições de saúde?

Segurança do paciente em primeiro lugar

Antes de tudo, uma comunicação clara entre profissionais reduz falhas clínicas, evita eventos adversos e diminui internações prolongadas. Isso garante um cuidado mais resolutivo, centrado na qualidade e na segurança do paciente. 

Além disso, pacientes que percebem alinhamento entre os membros das equipes de saúde relatam maior confiança e satisfação com o atendimento recebido.

Equipes de saúde mais engajadas e produtivas

Logo em seguida, observa-se que ambientes onde o diálogo flui com naturalidade favorecem o engajamento profissional. 

Os colaboradores se sentem mais valorizados, tomam decisões com agilidade e fortalecem a colaboração interprofissional. Isso se reflete em maior produtividade, menor índice de absenteísmo e redução do retrabalho.

Inovação institucional e protagonismo das equipes de saúde

Por fim, romper com a cultura do silêncio cria espaço para inovação contínua e o surgimento de soluções criadas coletivamente. Ambientes que estimulam a escuta ativa nas equipes de saúde permitem que ideias circulem, talentos se revelem e processos sejam aprimorados com mais inteligência e participação.

Dessa forma, a transformação organizacional deixa de ser uma meta distante e passa a ser um movimento vivo, liderado por todos.

Deseja implementar estratégias de escuta ativa, segurança do paciente e gestão participativa? Conheça a Pós-graduação Master em Qualidade e Acreditação em Saúde da Faculdade ITH.

Como implantar um plano de melhoria da comunicação na sua instituição e em suas equipes de saúde

A princípio, a implantação de um plano de comunicação clínica deve começar com o diagnóstico das falhas mais comuns. Aplicar instrumentos como o Safety Attitudes Questionnaire ou entrevistas estruturadas com os profissionais ajuda a mapear onde os ruídos ocorrem: durante o handover? Nas prescrições? Na interface com o paciente?

Em seguida, é necessário formar uma comissão multidisciplinar de comunicação e segurança, com membros de diferentes setores, para planejar ações com apoio da liderança institucional. Essa comissão pode definir estratégias como:

  • Padronização do SBAR nos plantões;
  • Criação de fluxos visuais de atendimento em unidades críticas;
  • Treinamentos periódicos com simulação de cenários;
  • Implantação de canais anônimos para reporte de falhas.

Além disso, os indicadores de comunicação das equipes de saúde devem ser monitorados continuamente, como o número de eventos adversos evitáveis, tempo médio de passagem de plantão e índice de satisfação da equipe com os fluxos internos. Esses dados ajudam a ajustar o plano de forma contínua.

Se você deseja se qualificar para liderar essas iniciativas, conheça os programas da Pós em Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde da Faculdade ITH.

Equipe multiprofissional da saúde caminhando e conversando de forma leve em ambiente hospitalar.
Ambientes que favorecem a escuta ativa e o respeito entre colegas promovem uma cultura de confiança e inovação assistencial.

Como a Faculdade ITH forma líderes da mudança

Ensino focado em habilidades reais para as equipes de saúde

Antes de tudo, a Faculdade ITH oferece cursos de pós-graduação em Gestão e Liderança em Enfermagem, SCIRAS e Segurança do Paciente e Liderança e Coaching que formam profissionais preparados para atuar com excelência.

Os cursos são reconhecidos pelo MEC e incluem simulações realísticas, materiais atualizados e metodologia ativa com foco no dia a dia da saúde.

Apoio contínuo ao profissional

Por fim, os alunos ITH contam com mentoria, networking com especialistas da área e acesso a conteúdos exclusivos que potencializam a carreira.

Conheça agora a pós-graduação em Segurança do Paciente e Qualidade com ênfase em Acreditação.

Depoimentos de alunos ITH que atuam em gestão ou segurança do paciente

“Antes da pós-graduação, eu não percebia o quanto a falta de diálogo influenciava nos erros assistenciais. Com as aulas da ITH, aprendi a liderar reuniões de alinhamento com foco em escuta ativa. Hoje, a equipe da minha UTI relata 60% menos falhas de comunicação.” — Letícia Silva, enfermeira gestora, egressa da Pós em SCIRAS e Segurança do Paciente – ITH

“Os simuladores de comunicação clínica da Faculdade ITH me prepararam para aplicar o protocolo SBAR com fluidez. Isso impactou diretamente a segurança do paciente na unidade onde atuo.” — João Henrique Batista, fisioterapeuta, aluno do MBA em Qualidade e Acreditação – ITH

“A metodologia 4.0 da ITH me ensinou que liderar também é ouvir. Desde que implementei as práticas de escuta ativa e huddles diários, minha equipe se sente mais segura para relatar erros e sugerir melhorias.” — Daniela Moura, farmacêutica hospitalar, aluna da Pós em Gestão em Saúde Pública – ITH

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Comunicação eficaz começa com você

Portanto, a comunicação ineficaz e a cultura do silêncio não são apenas desafios para as equipes de saúde — são ameaças diretas à segurança do paciente, à integridade das equipes e à excelência assistencial.

Contudo, romper esse ciclo exige liderança consciente, profissionais capacitados e instituições comprometidas com o diálogo e a melhoria contínua.

A boa notícia é que a transformação está ao seu alcance. Com estratégias bem aplicadas e formações atualizadas, é possível construir ambientes colaborativos, seguros e resolutivos.

Enfermeira com tablet à frente, com outros profissionais ao fundo em hospital.

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