Implementar protocolos SCIRAS (Serviços de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde) é mais do que uma exigência regulatória — é um compromisso direto com a vida. No entanto, em muitas instituições, essa implementação ocorre de forma mecânica e superficial, sem gerar os resultados esperados nos indicadores assistenciais e de segurança.
Quando o protocolo se limita ao papel, ele perde sua função estratégica. Pior: pode passar a falsa sensação de segurança e conformidade. Por isso, profissionais e lideranças da saúde precisam ir além da formalidade, garantindo que os protocolos se convertam em conduta clínica, cultura organizacional e, sobretudo, impacto mensurável.
Neste artigo, você vai entender com profundidade:
Por que SCIRAS falha em muitas instituições
Compreenda os principais erros na adoção dos protocolos e os riscos da adesão apenas burocrática.
Como transformar protocolo em prática assistencial efetiva
Veja como integrar o SCIRAS ao cuidado real, com treinamento, processos ativos e liderança comprometida.
Quais indicadores são impactados com uma aplicação consistente
Descubra os principais indicadores que podem ser reduzidos ou melhorados com a aplicação correta dos protocolos.
Como capacitar equipes para a mudança verdadeira
Entenda por que a formação especializada é essencial para sustentar o SCIRAS como cultura e prática contínua.

Por que o uso superficial de SCIRAS ainda persiste?
Apesar de sua importância crítica, os protocolos de SCIRAS ainda são vistos como uma formalidade em diversas instituições de saúde. Em vez de orientarem a conduta clínica e prevenirem eventos adversos, tornam-se meros checklists formais, preenchidos para cumprir auditorias — mas não para transformar a prática assistencial.
Embora a RDC n.º 36/2013 da Anvisa estabeleça diretrizes robustas sobre a criação e atuação dos Núcleos de Segurança do Paciente (NSP), a implementação prática costuma parar nos treinamentos iniciais ou em manuais que são pouco lidos e menos ainda aplicados.
Além disso, profissionais frequentemente apontam falta de tempo, escassez de recursos ou resistência da equipe como os principais obstáculos à aplicação real dos protocolos. No entanto, o verdadeiro desafio está na ausência de uma cultura institucional sólida voltada à segurança do paciente. Sem ela, qualquer protocolo perde força e relevância.
Cultura de segurança: o alicerce dos protocolos SCIRAS
Contudo, é importante entender que protocolos sem uma cultura de segurança são apenas documentos vazios. Como destaca James Reason, teórico da segurança organizacional, a cultura é o terreno onde se constrói a prevenção de incidentes. Em ambientes com uma cultura de segurança forte, os colaboradores não apenas cumprem protocolos — eles os defendem, os revisam e os aplicam com propósito.
Nesse sentido, modelos como o Just Culture ganham destaque por propor um ambiente em que os erros humanos são tratados como oportunidades de aprendizado, e não como falhas morais puníveis. Essa abordagem reduz o medo da punição, estimula a notificação voluntária de eventos e quase-erros, e transforma os SCIRAS em verdadeiras ferramentas de prevenção contínua.
Por isso, fortalecer a cultura de segurança é tão importante quanto treinar a equipe ou padronizar condutas. Somente com esse tripé — cultura, capacitação e protocolo — é possível proteger o paciente de forma consistente e sustentável.
Como aplicar SCIRAS com profundidade
Implementar SCIRAS de forma eficaz exige mais do que seguir protocolos. É necessário integrá-los à cultura organizacional, promover formação contínua e envolver lideranças clínicas. Veja como fazer isso na prática:
1. Integre os protocolos à rotina clínica
Antes de tudo, é fundamental entender: SCIRAS não é uma ilha isolada. Pelo contrário, deve ser transversal a todos os setores assistenciais e administrativos.
Para isso, realize auditorias clínicas integradas à rotina da equipe. Inclua discussões interdisciplinares de casos, análises estruturadas de eventos adversos e elaboração de planos de ação conjuntos.
Além de prevenir infecções, o foco deve estar na antecipação de riscos assistenciais e no uso estratégico de dados para tomada de decisão.
Veja como aplicar auditorias de forma estratégica na Pós-graduação Master em Qualidade e Acreditação em Saúde da Faculdade ITH.
2. Faça da educação continuada uma prioridade
Entretanto, nenhum protocolo é eficaz sem profissionais capacitados e engajados. A educação permanente precisa ir além do “como fazer” — deve explicar o “porquê fazer”.
Profissionais com senso crítico compreendem o impacto real dos SCIRAS sobre os indicadores e sobre a segurança dos pacientes.
Para isso, investir em formação especializada é essencial. A Pós-graduação em Segurança do Paciente e Qualidade com Ênfase em Acreditação da Faculdade ITH ensina como transformar protocolos em resultados concretos.
O curso é 100% EAD, reconhecido pelo MEC e voltado para quem deseja liderar com excelência e promover mudança institucional.
3. Envolva lideranças clínicas e assistenciais
Por fim, protocolos impostos tendem a falhar. A adesão começa com o reconhecimento da equipe — e esse reconhecimento só vem com participação ativa na construção.
Por isso, envolva líderes clínicos e assistenciais na criação, revisão e validação dos fluxos SCIRAS. Quando há senso de pertencimento, o protocolo deixa de ser cobrança e passa a ser ferramenta de cuidado.
Além disso, a transparência na comunicação dos resultados e indicadores reforça o compromisso coletivo com a segurança do paciente e a qualidade do serviço prestado.
Acesse também este manual da Anvisa sobre cultura de segurança e aprofunde sua compreensão sobre os fundamentos dessa transformação.
Ferramentas e metodologias que fortalecem os SCIRAS
Para além das normativas e obrigações legais, a efetividade dos SCIRAS depende da aplicação prática de ferramentas de gestão consolidadas. Quando bem utilizadas, essas metodologias transformam planos em resultados.
Principais ferramentas aplicáveis à realidade hospitalar
Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act)
Permite estruturar melhorias contínuas. Planeja ações, executa, verifica os resultados e ajusta conforme a análise dos dados.
5W2H
Organiza planos de ação objetivos e rastreáveis, respondendo às perguntas essenciais: o quê, por quê, onde, quando, quem, como e quanto custa.
Matriz de Risco
Ajuda a priorizar falhas potenciais, classificando eventos por gravidade e frequência. Facilita o foco naquilo que realmente impacta o paciente.
Indicadores de estrutura, processo e resultado
Avaliam a performance de maneira integrada. Medem desde recursos disponíveis até os desfechos clínicos, possibilitando ajustes com base em evidências.

Por que essas metodologias funcionam?
Com essas ferramentas, os SCIRAS deixam de ser protocolos estáticos e se tornam sistemas dinâmicos de gestão da qualidade e segurança. Isso se reflete em:
- maior rastreabilidade das ações;
- monitoramento efetivo dos riscos;
- comunicação mais clara entre setores;
- e decisões baseadas em dados.
Quais indicadores são impactados?
A boa implementação dos SCIRAS afeta diretamente:
- Taxas de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS);
- Incidência de Eventos Adversos (EA);
- Consumo e racionalização de antimicrobianos;
- Ocupação de leitos por reinternações evitáveis;
- Gastos com judicialização e penalidades por não conformidades.
Aliás, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) destaca que as instituições precisam monitorar e publicar seus indicadores periodicamente. Transparência também faz parte da estratégia.
Principais erros na implementação de SCIRAS (e como evitá-los)
Contudo, mesmo com protocolos prontos, muitas instituições falham por erros recorrentes:
- Documentos desatualizados — Protocolos sem revisão periódica perdem relevância.
- Falta de engajamento da equipe — Profissionais não aderem por desconhecimento ou descrença.
- Acompanhamento ineficaz dos indicadores — A coleta é feita, mas não gera plano de ação.
Para evitar esses erros, é necessário integrar o SCIRAS à rotina assistencial e criar momentos de feedback com os times. O uso de ferramentas como o PDCA e 5W2H fortalece essa prática.
Estudo de caso: quando SCIRAS bem implementado muda tudo
Em primeiro lugar, nada ensina mais do que a prática. Um hospital da rede pública paulista, ao aplicar os protocolos de SCIRAS com auditorias internas recorrentes, reduziu em 47% os eventos adversos notificados em 12 meses. Além disso, conquistou o selo de qualidade da ONA 2 após demonstrar maturidade assistencial e controle efetivo de riscos.
Esse resultado só foi possível graças à estruturação dos protocolos segundo os manuais da ONA e a inclusão ativa das lideranças clínicas na rotina dos indicadores. Saiba mais sobre o Manual da ONA aqui. Quer implementar esse padrão? Conheça a Pós-graduação Master em Qualidade e Acreditação da Faculdade ITH.

Checklist de maturidade institucional: sua instituição está pronta para aplicar SCIRAS com profundidade?
Antes de tudo, é importante compreender que implementar os protocolos de SCIRAS vai além de seguir uma cartilha. Trata-se de promover uma cultura institucional que sustente práticas de segurança do paciente com coerência, engajamento e mensuração de resultados.
Portanto, este checklist serve como ponto de partida para identificar gargalos e avançar na maturidade da sua organização.
Estrutura organizacional e governança
- Existe uma Comissão de Segurança do Paciente ativa e com reuniões regulares?
- O hospital possui um Núcleo de Qualidade com profissionais capacitados em SCIRAS?
- As lideranças estão comprometidas e envolvidas na disseminação das metas de segurança?
- Há indicadores de desempenho relacionados à adesão e eficácia dos protocolos?
Capacitação e treinamento contínuo
- A equipe multiprofissional recebe treinamentos regulares sobre os 6 protocolos prioritários?
- Os treinamentos incluem simulações realísticas, estudos de caso e avaliação de competências?
- A instituição utiliza ferramentas de educação permanente, como plataformas EAD?
Conheça os cursos da Faculdade ITH voltados para profissionais que lideram a implantação de SCIRAS e transformam a cultura da qualidade nas organizações.
Comunicação e cultura organizacional
- Há canais abertos para queixas, notificações e sugestões relacionados à segurança do paciente?
- A cultura de não-punição é clara e praticada na gestão de eventos adversos?
- As informações sobre os protocolos são visíveis e acessíveis em toda a instituição?
Monitoramento, auditoria e feedback
- São realizadas auditorias internas sobre o cumprimento dos protocolos?
- A equipe tem acesso a dashboards ou relatórios com os indicadores de SCIRAS?
- Existem planos de ação implementados com base nos resultados?
Dica prática: Utilize ferramentas como planilhas automatizadas, BI hospitalar ou soluções como o QualiSaúde para facilitar o monitoramento e as análises dos dados.
Integração com o prontuário e processos assistenciais
- Os protocolos estão integrados ao prontuário eletrônico do paciente?
- Há fluxos bem definidos para comunicação de risco entre turnos e equipes?
- A implantação dos protocolos respeita as singularidades de cada unidade (UTI, pronto atendimento, internação etc.)?
Se sua instituição marcou menos de 70% dos itens acima, é um sinal claro de alerta. A adoção superficial dos protocolos pode não apenas comprometer os indicadores, mas também a segurança real do paciente.
Como formar profissionais capazes de transformar SCIRAS em resultados?
Na prática, não basta conhecer as normas. É necessário dominar ferramentas de auditoria, análise crítica de dados, metodologias de melhoria contínua e gestão de riscos.
Na Faculdade ITH, os cursos são desenvolvidos para formar profissionais com visão prática, crítica e estratégica. Com trilhas completas em qualidade, segurança e gestão, os alunos aprendem com professores que atuam diretamente em hospitais acreditados e ambientes regulados.

SCIRAS precisa sair do papel: transforme protocolo em cultura institucional
Ainda que os protocolos de SCIRAS estejam bem documentados, eles só ganham força real quando se tornam parte da cultura assistencial da instituição. Ou seja, não basta existir no papel — é necessário existir na prática diária.
Por isso, implementar SCIRAS com profundidade exige liderança comprometida, formação contínua, monitoramento de indicadores e, acima de tudo, envolvimento coletivo. Assim, sem esses pilares, o protocolo vira checklist vazio — sem impacto, sem resultado e, pior, sem segurança para o paciente.
Se você deseja liderar mudanças reais na saúde, o primeiro passo é sua própria formação. Acesse agora o MBA em SCIRAS e Segurança do Paciente da Faculdade ITH e descubra como conectar teoria e prática para gerar impacto de verdade.
Não espere a próxima não conformidade para agir.Fale agora com um consultor da Faculdade ITH e veja como transformar sua carreira — e a segurança da sua instituição.
Deixe um comentário
You must be logged in to post a comment.