Segundo especialistas da área da saúde, compreender a problemática das doenças infecciosas e parasitárias, dentro de um contexto de mudanças climáticas ambientais, é fundamental para que os profissionais de saúde possam manejar o controle sanitário dessas doenças. Portanto, é muito importante a formação de recursos humanos críticos e capacitados para solucionar esses problemas.
No entanto, a negligência verificada no histórico de determinadas doenças, como as virais e parasitárias, impacta diretamente nas condições sociais e econômicas de populações. Especialmente, nas populações pobres e marginalizadas.
Nesse sentido, faz-se necessário, então, discutir os desafios colocados à saúde pública pela emergência e reemergência das doenças virais, infecciosas, parasitárias e, sobretudo, negligenciadas.
Doenças negligenciadas e mudanças ambientais
Doenças negligenciadas são doenças que não só prevalecem em condições de pobreza, mas, também, contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade. Elas representam forte entrave ao desenvolvimento dos países.
Como exemplos de doenças negligenciadas, podemos citar: dengue, doença de chagas, esquistossomose, hanseníase, leishmaniose, malária, tuberculose, entre outras.
Conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas estão infectadas com uma ou mais doenças negligenciadas. Isso representa um sexto da população mundial.
O primeiro relatório da OMS sobre Doenças Tropicais Negligenciadas apontava que as doenças negligenciadas (DNs) atingem a vida de um bilhão de pessoas em todo mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estas formam um conjunto de 17 enfermidades. Elas afetam, principalmente, pessoas que vivem nos trópicos, mas não são exclusivas a eles.
Segundo estudiosos da área, tal realidade é vista em países onde ainda são insatisfatórias as condições de saneamento básico. Esse é um dos principais fatores debilitantes da população, associando-se frequentemente a quadros de diarreia e desnutrição. Esses fatores comprometem o desenvolvimento físico e intelectual da população.
Nessa relação, estão incluídas as seguintes enfermidades: tracoma; úlcera de Buruli; tripanossomose africana (doença do sono); doença de Chagas (tripanossomíase americana); dengue; dracunculíase; cisticercose; leishmaniose; hanseníase; filariose linfática; oncocercose; esquistossomose; bouba; geohelmintíase; raiva; equinococose e fasciolíase – dados da OMS.
Doenças infecciosas emergentes e reemergentes
É consenso entre pesquisadores da área que tanto as doenças emergentes como as reemergentes têm um impacto enorme na Saúde Pública, nos cuidados de saúde, na macroeconomia e na sociedade.
Nesse sentido, para surgir ou ressurgir uma doença infeciosa, são necessários fatores como alterações demográficas e ecológicas, aquecimento global, atitudes da população e negligenciar prioridades instituídas em saúde pública como, por exemplo, as vacinas. Além disso, também a globalização, a resistência a inseticidas/antibióticos e transformação e recombinação genética.
Desse modo, o controle de uma doença representa a convivência com certos níveis toleráveis de acometimento humano. Portanto, é fundamental a manutenção contínua de medidas de controle sobre os serviços de saúde, epidemiológicos ou clínicos, com o objetivo de surpreender precocemente riscos de retomo da doença, assim como avaliar o resultado das ações realizadas em seu combate, quanto às possíveis mudanças comportamentais dos agentes etiológicos.
Mudanças climáticas e ambientais, potabilidade das águas de uso e consumo humano e as DNTs
Não sei se você sabe: mas, de modo geral, os fatores hereditários, o modo de vida e a assistência à saúde e ao meio ambiente possuem grande influência sobre a saúde das pessoas.
Atualmente, são conhecidos mais de 250 agentes contaminantes ou patogênicos veiculados por alimentos e água que podem causar doenças. Por isso mesmo é que, ao longo dos anos 1980, cresceu a preocupação de pesquisadores ligados a questões ambientais com o impacto dessas doenças e as mudanças sobre ecossistemas.
Já na década de 1990, foram desenvolvidos modelos que permitiram, de um lado explicar a variabilidade de clima ocorrida ao longo do século e de outro lado, avaliar a contribuição de componentes naturais (vulcanismo, alterações da órbita da Terra, explosões solares, etc.) e antropogênicos (emissão de gases do efeito estufa, desmatamento e queimadas, destruição de ecossistemas, etc.) sobre estas variações.
Nesse sentido, as emissões de gases, a poluição e a ação antrópica são apenas alguns dos responsáveis não só pelas mudanças climáticas e/ou ambientais, mas, também têm contribuído para a reemergência de microrganismos. Dentre eles, citamos: os vírus e os protozoários oportunistas.
Como surgiram as doenças infecciosas?
A Organização Mundial de Saúde (1990), publicou o primeiro relatório global sobre as mudanças climáticas. Este processo de mudanças climáticas, principalmente aquelas devidas ao aquecimento global causado pela ação antrópica, foi pela primeira vez alertada na década de 1950.
De acordo com alguns estudos, a partir do momento em que o homem passou a viver em sociedade, iniciou-se o convívio, também, com os agentes infecciosos. Surgiram, assim, condições para assumir o papel de reservatório de microrganismos e parasitas. Nesse período, o homem fazia o manejo dos animais e utilizava a carne como alimento, o que facilitava a contaminação com esses agentes microscópicos.
Dessa forma, novos conhecimentos sobre os diferentes aspectos, como os biológicos, clínicos, sociais carecem de ser mais rapidamente produzidos, contribuindo para o combate a essas doenças, tanto no que diz respeito aos indivíduos doentes ou aqueles expostos, bem como, no que tange às coletividades e suas condições de vida.
Por isso, é consenso que a pobreza e a exclusão social estão relacionadas com tais doenças infecciosas e parasitárias. Estas se apresentam de maneira mais evidente na realidade sanitária dos países mais pobres. A negligência verificada no histórico de determinadas doenças, como as virais, e parasitárias e dentre elas os protozoários oportunistas, impacta diretamente nas condições sociais e econômicas de populações pobres e marginalizadas.
Assim, tais evidências exigem dos órgãos governamentais tomada de decisões e práticas desenvolvidas tanto pelo setor público quanto pelo setor privado no enfrentamento deste problema.
Doenças infeciosas e parasitárias: Considerações Finais
As doenças infeciosas e parasitárias, tanto doenças emergentes como reemergentes, têm um impacto enorme na Saúde Pública, nos cuidados de saúde, na macroeconomia e na sociedade.
Assim, as doenças infecciosas e parasitárias transmitidas por alimentos e meio ambiente são resultantes, predominantemente, do ciclo de contaminação fecal/oral. Hoje, no Brasil, são poucos os trabalhos que avaliam a contaminação do meio ambiente paciente e vice-versa. Um estudo realizado em 2007 reforça a importância do meio ambiente na transmissão das enteroparasitos. Ainda mais quando o parasito em seu ciclo de vida, necessita do solo para alterar sua forma de vida, se tornando infectante para o hospedeiro humano em ambientes favoráveis.
A disponibilidade de opções para controlar e prevenir o aparecimento ou reaparecimento e expansão de agentes patogénicos requer uma avaliação contínua.
Doenças parasitárias e infecciosas na saúde pública
Vale ressaltar que o laboratório de saúde pública precisa de atenção especial, para que seja possível a detecção das doenças infecciosas. Para isso, faz-se necessária a existência de uma rede de laboratórios, organizada de forma hierarquizada, com complexidade crescente, com equipamentos adequados, tecnologia de ponta, suprimento suficiente de insumos, profissionais qualificados e capacitados e capaz de garantir as condições necessárias de biossegurança e oferta de resultados de excelência.
O reforço da rede de serviços de vigilância epidemiológica é outra peça fundamental para garantia das condições de enfrentamento das doenças infecciosas e parasitárias.
Pelas características de sua formação social, política, econômica e cultural, por suas peculiaridades geográficas, climáticas e ecológicas, o Brasil reúne as condições necessárias para a emergência e reemergência de doenças infeciosas e parasitárias. Dessa forma, toda atenção será importante para as tomadas de decisão para que a população. Não sofra as consequências pela falta de zelo e comprometimento com a saúde pública.
Dr. Edson Sidião de Souza Júnior
Farmacêutico, Mestre e Doutor em Medicina Tropical e especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica
Faculdade ITH
Agora que você já aprendeu um pouco mais sobre esse assunto tão importante, queremos te convidar para continuar aprendendo e se atualizando sobre as demandas da área da saúde por meio dos cursos de extensão, especialização e MBA da Faculdade ITH.
Na Faculdade ITH, você pode estudar de forma presencial, on-line ou híbrida.
Ficou interessado/a e deseja obter mais informações?
Clique aqui para falar diretamente no WhatsApp da instituição.
Pós-graduação na área da saúde é na melhor: Faculdade ITH.
Aqui, somos referência em conteúdo e qualidade.
Deixe um comentário
You must be logged in to post a comment.